Decisão deverá beneficiar os embarques de suco de laranja brasileiro


[Valor Econômico] – O governo britânico anunciou, na semana passada, a suspensão da tarifa incidente sobre a importação de sucos concentrados e prontos para beber entre 1º de janeiro de 2023 e 31 de dezembro de 2024. A decisão deverá beneficiar os embarques de suco de laranja brasileiro para o Reino Unido.

Embora valha para sucos de todas as origens, o Brasil domina as exportações globais de suco de laranja. Sem a taxa de 12,2%, a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR) acredita que será possível que o país no mínimo mantenha as vendas das últimas três safras e economize aproximadamente US$ 5 milhões nos dois anos de isenção tarifária.

Em 2019/20, 2020/21 e 2021/22, os embarques brasileiros de suco de laranja para o Reino Unidos somaram, em média, 15 mil toneladas e renderam US$ 22,5 milhões por ciclo, de acordo com dados da CitrusBR, que representa Citrosuco, Cutrale e Louis Dreyfus Company, que lideram as exportações mundiais.

No primeiro trimestre desta safra 2022/23, encerrado em setembro, as exportações do país alcançaram 276,2 mil toneladas, ou US$ 520 milhões. A União Europeia, principal destino das vendas, foi responsável por importações de 181 mil toneladas no período, ou US$ 351,2 milhões.

Apesar da pequena participação nas exportações totais do Brasil, o Reino Unido é o terceiro principal mercado consumidor de suco de laranja da Europa, atrás de Alemanha e França. Daí o potencial de crescimento, embora a oferta brasileira nesta safra 2022/23 esteja apertada após problemas climáticos nos últimos anos.

“Sabíamos que haveria uma janela para a revisão de uma série de tarifas por causa da saída do Reino Unido da UE e que existia uma chance real de conseguirmos essa isenção, porque não há produção de suco de laranja local e não fazia sentido penalizar o consumidor com uma sobretaxa que apenas encarece o produto”, afirma o diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto, em nota.

Na mesma nota, Tatiana Campos, diretora de relações institucionais da CitrusBR – que conduziu as tratativas para a suspensão da tarifa, em parceria com a Associação Britânica de Bebidas e com apoio da embaixada do Brasil em Londres -, diz que questões ligadas à sustentabilidade da produção também pesaram para a decisão anunciada pelo Reino Unido.

Segundo ela, áreas de preservação relacionadas a pomares da laranja e manejo de polinizadores, entre outros aspectos, foram usados como argumentos no pedido de desoneração.