Resultado final menor do que o volume incialmente esperado é consequência das condições climáticas adversas do período, que inibiram o crescimento das laranjas e contribuíram para o aumento da queda prematura de frutos
O fechamento da safra de laranja 2021/22 do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro, divulgado hoje (11) pelo Fundecitrus, encerrou em 262,97 milhões de caixas de 40,8 kg. O resultado final foi 10,61% menor do que o volume incialmente esperado, publicado em maio de 2021, constituindo uma quebra expressiva de 31,20 milhões de caixas na estimativa.
A redução drástica das chuvas, que ficou 27% abaixo da média histórica, e as geadas atípicas de alta intensidade inibiram o crescimento das laranjas e contribuíram para o aumento da queda prematura de frutos, reduzindo a quantidade de laranjas que chegaram à colheita – configurando o segundo ano consecutivo de uma safra pequena, explica o coordenador da Pesquisa de Estimativa de Safra (PES) do Fundecitrus, Vinícius Trombin.
“Na estimativa que divulgamos em maio de 2021, já estava contemplado um menor volume de chuvas que afetaria a produtividade dos pomares. Mas como enfrentamos a pior seca de quase um século, os danos foram maiores que o esperado”, completa. Embora este tenha sido um ciclo de bienalidade positiva, ano em que as plantas produziriam uma quantidade maior de frutos, as condições climáticas adversas fizeram com que os pomares perdessem produtividade, fazendo a safra recuar 2,11% em comparação à temporada anterior.
Tamanho e queda de frutos foram expressivos nesta safra
Como a maioria dos pomares sofreram deficiência hídrica, especialmente aqueles de sistema de sequeiro, que ocupam cerca de 70% do total do cinturão, houve redução do crescimento dos frutos já desenvolvidos. O peso médio das laranjas encerrou-se em 143 gramas, uma redução de 15% em relação às últimas cinco safras, que apresentam média de 169 gramas.
Além disso, a taxa média de queda de frutos do cinturão citrícola também foi expressiva, atingindo o valor de 21,80%. “Este é o maior índice desde que iniciamos os levantamentos, em 2015”, destaca Trombin.
Além da queda natural e mecânica, causadas pela poda e trânsito de máquinas, que foram responsáveis por 5,50% dos frutos caídos prematuramente, quedas significativas também ocorreram em função da rachadura da casca dos frutos, ocasionada pela perda de plasticidade da casca em função da seca severa, e também por questões fitossanitárias de incidência de outras pragas e doenças.
Bicho-furão em conjunto com mosca-das-frutas foram os principais responsáveis pela queda nesta safra, com 5,63%; seguido pelo greening, principal desafio atual da citricultura mundial, responsável por 3,08%; pinta preta, com 2,90%; leprose, 2,83%; e, por último, cancro cítrico, 0,21%. Dentre as pragas e doenças, a leprose foi a que mais cresceu nesta safra. O índice de 2,83% corresponde a uma participação de aproximadamente 13% no total, contra 8% na safra passada.
A pesquisa de estimativa de safra é realizada pelo Fundecitrus em parceria com a Markestrat, FEA- RP/USP e FCAV/Unesp e o relatório completo está disponível Clicando Aqui