Agência Estado – 28/02/2018 – Levantamento feito pelo Instituto Ipsos a pedido do setor de sucos aponta que falta de conhecimento de profisisonais da saúde pode ser uma das causas da baixa recomendação da bebida a pacientes

O profissional de saúde europeu quase não indica o consumo de sucos naturais aos seus pacientes, principalmente
pela falta de conhecimento sobre os benefícios e a composição desse tipo de bebida. É o que aponta uma pesquisa
feita pelo Instituto Ipsos entre novembro e dezembro de 2017 com 2.099 profissionais de saúde – médicos e
nutricionistas – de 14 países da Europa, obtida com exclusividade pelo Broadcast Agro.

O levantamento apontou, por exemplo, que apesar de 86% dos entrevistados indicarem frequentemente o consumo de frutas e vegetais como parte de uma dieta saudável, apenas 36% indicam sucos de frutas. Em países nórdicos, somente 18% orientam pacientes com frequência a consumirem a bebida.

A pesquisa foi encomendada pelo consórcio de produtores e engarrafadores que sustenta a campanha “Fruit Juice
Matters” (suco de fruta importa), criada em outubro de 2015 para ampliar a demanda da bebida no bloco econômico. Desse grupo participa a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), que reúne as gigantes do suco de laranja Cutrale, Citrosuco e Louis Dreyfus Company. A Europa representa 60% do mercado global dessa bebida brasileira.

Com isso, apesar de uma avaliação geral, os dados divulgados deram prioridade ao suco de laranja, o mais consumido globalmente e foco principal da campanha “Fruit Juice Matters”. E os dados mostram que esse tipo de suco é visto muito mais como complemento do que como alternativa à laranja entre os profissionais de saúde. Apenas 46% dos entrevistados responderam que o suco de laranja 100% – sem mistura de água ou outros sucos – pode ser opção alternativa a uma porção de fruta e 67% consideram a bebida como um complemento saudável às pessoas que comem frutas e vegetais.

Entre os mais jovens, abaixo de 35 anos, apenas 30% responderam que o suco de laranja 100% pode ser opção à fruta e 54% como um complemento, porcentuais que aumentam para 49% e 71%, respectivamente, entre os profissionais de saúde acima de 50 anos. “Há quase uma aversão ao fundamento de que o suco pode substituir a fruta. É um mito e existem vários estudos científicos que comprovam que o suco não perde as principais características da fruta”, disse Larissa Popp Abrahão, diretora de Relações Internacionais da CitrusBR.

Apenas 18% dos especialistas sempre recomendam que o suco de laranja 100% seja consumido. Entre os nutricionistas, só 11% adotam essa postura, uma demonstração de que esse tipo de profissional ainda relaciona a laranja à obesidade do paciente. Os dados da pesquisa mostram que 70% dos entrevistados consideram que o suco de laranja 100% espremido na hora é melhor que o vendido em embalagens. Apenas 30% dos entrevistados concordam que o suco de laranja 100% em embalagens é um produto natural e 37% concordam completamente que suco de laranja 100% seja só suco de laranja.

“A pesquisa foi importante por sedimentar, em números, a percepção que existe da falta de compreensão do
profissional de saúde com o suco 100%, principalmente com o açúcar adicionado. Há uma grande cruzada contra bebidas açucaradas, com a adição de açúcar e é preciso mostrar que existem outras, como o suco de laranja, onde o açúcar (frutose) é uma das propriedades intrínsecas”, explicou Ibiapaba Netto, diretor executivo da CitrusBR.

Segundo o executivo, os resultados da pesquisa são “mais um passo de uma longa caminhada” percorrida pelo setor para, primeiro, entender o mercado europeu e traçar uma estratégia para o aumento do consumo. “Conseguimos entrar na cabeça dos especialistas para fazer uma defesa adequada”, disse. “Do nosso ponto de vista, com tudo o que estudamos, com todas as pesquisas que mostram benefícios do suco de laranja, essa imagem do produto não faz sentido. A ideia é trazer para a racionalidade e só a ciência pode fazer isso”, completou Netto.

Larissa Popp Abrahão, da Citrus BR, cita também que a escolha do Instituto Ipsos, um dos três maiores do mundo na área de inteligência de mercado, e os resultados apontados na pesquisa, podem ser uma forma de pressionar países a mudarem normas adotadas na venda do suco de laranja. Segundo ela, apenas na Alemanha, na França e no Reino Unido embalagens de suco de laranja 100% informam que não há açúcar adicionado. “Os outros mercados acham que isso não é necessário porque é obvio, mas a pesquisa mostrou que não é”, disse Larissa.

De acordo com a executiva, a pesquisa será refeita todos os anos com a mesma metodologia, para avaliar se houve a mudança de percepção do profissional de saúde europeu sobre os benefícios do suco de laranja. “Teremos também um detalhamento sobre cada um dos 14 mercados para adotarmos estratégias específicas”, concluiu.