Folha de S. Paulo – 08/03/2019 – Já a oferta de suco tem avançado mais do que a demanda, aponta dados do governo americano

O clima mais favorável nesta safra permitirá um crescimento de 9% na produção mundial de laranjas. Os melhores desempenhos ocorrerão no Brasil e nos Estados Unidos, colocados entre os cinco maiores produtores mundiais. A avaliação é do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que prevê alta de 41% na produção americana e de 13% na brasileira na safra 2018/2019.
O Brasil é o maior produtor mundial, seguido de China, União Europeia, Estados Unidos e México. Os mexicanos, que haviam tomado a posição dos americanos nas duas últimas safras, retomam para a quinta posição nesta temporada, segundo o USDA.
A produção total de laranja sobe para 51,8 milhões de toneladas. Deste volume, 21,2 milhões serão destinados à industrialização, liderada por Brasil e Estados Unidos. Os brasileiros mantêm, de longe, a liderança na produção mundial de suco de laranja, mas a alta maior nesta safra fica com os americanos. Após serem afetados por doenças, como o greening, e por efeitos climáticos, como furacões, os pomares dos Estados Unidos melhoraram e aumentaram a oferta de laranja. Com isso, as indústrias americanas vão produzir 327 mil toneladas de suco, 75% mais do que na safra anterior.
A produção brasileira, na avaliação do USDA, sobe para 1,23 milhão de toneladas, 19% mais do que na anterior. O México, terceiro maior produtor, terá evolução de 8%, para 210 mil toneladas. O aumento de oferta de suco ocorre em um momento de estabilidade no consumo mundial. Há queda em mercados tradicionais, como o da União Europeia, mas evolução no da China.
Líder mundial no setor, o Brasil vai exportar 1,21 milhão de toneladas na safra 2018/2019. O segundo maior exportador será o México, com 210 mil toneladas. Esse país ainda tem participação bem menor do que a brasileira no mercado mundial, mas vem ganhando espaço e consumidores importantes. O aumento de produção de laranja e de suco pode comprometer a rentabilidade no setor, uma vez que os custos de produção vêm aumentando muito no campo.
Além disso, a oferta de suco será maior, mas dois dos principais importadores —Estados Unidos e União Europeia— vão pisar no freio nas compras externas. Na avaliação do USDA, os americanos, que terão produção maior, reduzirão em 22% importações. Entre os europeus, o corte nas compras deve ser menor, de 1,3%.