CBN Araraquara – 23/09/2019 – Empresários atribuem queda a mudança de hábitos dos europeus e, para reverter o cenário, tentam conquistar o mercado chinês

Duas das maiores indústrias de suco de laranja do mundo estão na nossa região: em Araraquara e em Matão. E mais de 95% da bebida produzida aqui vai para exportação. Porém, a mudança no consumo mundial tem afetado a quantidade do suco enviado para fora do País.
Segundo dados da associação nacional dos exportadores, a CitrusBR, a exportação do suco de laranja teve uma queda de cerca de 20% nesta safra em comparação com a safra passada.  
De acordo com os números do Ministério da Economia, Araraquara teve uma queda de quase 55% no valor arrecadado com a exportação de sumos de frutas e produtos hortícolas este ano em comparação com 2018. A diferença é de mais de US$ 289 milhões.  
Em Matão a queda foi de aproximadamente 9%, perda de pouco mais de US$ 41 milhões. 
Essas exportações representam quase 70% de tudo que é enviado para outros países aqui da região.  
Para o diretor executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto, a queda nas exportações está relacionada à mudança nos hábitos de consumo.  
“Suco de laranja tem encontrado algumas dificuldades no mercado exterior, um deles é hábito de consumo e a concorrência com bebidas substitutivas e trazer impacto aos negócios e deixa de remunerar tanto a indústria como os produtores”, diz Netto.  
Exportações
O Brasil exporta suco de laranja principalmente para União Europeia e Estados Unidos. A Europa recebe entre 65% e 70% da bebida e os Estados Unidos entre 20% e 25%.  
Porém, com a queda no consumo de suco de laranja nesses países, os empresários estão de olho no mercado asiático, principalmente, o chinês.  
Os chineses não são grandes consumidores do nosso suco, apenas 3% da exportação é destinada para o país oriental.  
Mas, enquanto nos últimos anos o consumo do suco caiu mais de 21% no mundo, os chineses vão à contramão desse cenário. Nos últimos quinze anos, o mercado de suco de laranja cresceu 200% na china.  
Netto afirma que o mercado chinês é uma das apostas da indústria brasileira para os próximos anos. “A China é uma das grande apostas do setor, mas o Brasil ainda não se apoderou deste mercado”, afirma.  
Já na tentativa de reconquistar o mercado europeu, os empresários brasileiros estão realizando campanhas para profissionais da saúde na Europa. A ideia é explicar os benefícios do suco de laranja e desmentir algumas informações sobre a bebida.  
Para isso, estão sendo investidos mais de U$$ 6 milhões anualmente.  
“Quem nunca ouviu falar que suco de laranja engorda. Poxa, um copo de 200 ml de suco quem 115 calorias, então não é um copo que vai fazer com que a pessoa engorde, então foram estes mitos que estamos tentando levar para a cabeça dos consumidores”, acrescenta ele.  
Com a campanha na Europa, os exportadores pretendem melhorar as vendas e consequentemente a economia de regiões produtoras de suco de laranja, como Araraquara e Matão. Já que a produção de laranja causa a maior geração de renda local, comparada a outras culturas, como explica Netto.  
“A citricultura tem um impacto muito grande na criação de emprego, no comércio. O dinheiro faz rodar estas cidades, então estimular o consumo de suco de laranja no mundo é estimular a economia regional”, finaliza.