Fundecitrus – As regiões de Limeira – berço da laranja em São Paulo –, Brotas e Porto Ferreira, localizadas no centro-sul do Estado, apresentam incidências muito altas de greening, a mais preocupante doença da citricultura mundial atualmente, de acordo com levantamento anual realizado pelo Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus).

Enquanto a média no parque citrícola é 22,37%, em Limeira a doença já afeta 61,75% das plantas; em Brotas, 50,40%; e em Porto Ferreira, 37,84%. Nas regiões de Avaré e Duartina, ao sudoeste do Estado, as incidências são consideradas altas, 29,41% e 26,15%, respectivamente. Essas cinco regiões reúnem 51% das laranjeiras do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro, a principal área produtora de laranja e suco de laranja do mundo.

A forte presença da doença se reflete em danos à produção e prejuízo aos citricultores: das cerca de 8,5 milhões de plantas eliminadas em 2020 por causa do greening em todo o parque, 92% estavam nessas cinco regiões. Outros impactos negativos são a redução da produção devido à queda prematura de frutos e a piora da sua qualidade.

“Em locais que possuem baixos índices de greening, a participação da doença na taxa queda de frutas é inferior a 2%”, pontua o pesquisador do Fundecitrus Renato Bassanezi. “No entanto, nessas regiões, a doença já tem uma participação muito significativa, tendo sido responsável por 46,7% da queda de frutos em Limeira, 39% em Brotas, 30,4% em Porto Ferreira, 24,3% em Duartina e 7,8% em Avaré”, detalha.

Controle rigoroso – Para mudar o cenário, o gerente-geral do Fundecitrus, Juliano Ayres, chama atenção para a necessidade de intensificar as ações de manejo, dentro e ao redor das propriedades. Internamente, aumentar o rigor no controle do psilídeo e na eliminação de plantas doentes, pois, como não há cura para as árvores contaminadas, a manutenção aumenta a dependência pelo controle químico do inseto vetor.

Nas proximidades, é necessário adotar também maior rigor na substituição de plantas de citros e murtas em quintais e a eliminação de pomares mal manejados ou abandonados – quando isso não for possível, realizar o controle do psilídeo. “O momento é preocupante e requer uma tomada de decisão radical do setor para reverter a situação. A única alternativa é que os citricultores adotem o manejo de forma integrada e com extremo rigor”, pontua Ayres.

Nas regiões de Limeira, Brotas, Porto Ferreira, Avaré e Duartina, onde as incidências altas ou muito alta de greening representam grande risco de contaminação de novos plantios, a orientação é evitá-los ou se atentar ao entorno, buscando locais isolados ou com vizinhos que realmente adotem o manejo rigoroso da doença e do vetor, visto que o inseto pode migrar e comprometer o manejo interno.

“Muitas vezes, em situações de alto risco, a melhor estratégia é protelar o plantio e adotar o ‘vazio sanitário’, ou seja, esperar a eliminação dos pomares contaminados e, consequentemente, a redução das fontes de inóculo da doença para voltar a plantar”, diz Ayres. “Essa estratégia foi adotada na região de Matão num passado recente e deu certo. É um exemplo a ser seguido em circunstâncias críticas”, complementa.

A região de Matão, no centro do estado, é onde o greening foi identificado pela primeira vez no Brasil, em 2004. Apesar de já ter apresentado altos índices, a doença está em queda nos últimos anos (9,77%).

“As ações de manejo interno e externo têm se mostrado efetivas e com grande relação custo-benefício. Elas já levaram à diminuição do greening em fazendas em diversas regiões do cinturão citrícola, inclusive onde o clima é altamente favorável à doença”, diz o pesquisador Renato Bassanezi. “A diminuição dos índices de greening está diretamente ligada à adesão dos citricultores ao manejo realmente rigoroso”, afirma.

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