Valor Online -16/02/2018 – Volume armazenado em 31 de dezembro chegou a 702.981 toneladas

Os estoques de suco de laranja brasileiro em poder das três indústrias que lideram as exportações globais da commodity a partir de suas operações no país confirmaram as expectativas e aumentaram no segundo semestre do ano passado.

Conforme levantamento da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), em 31 de dezembro o volume armazenado por suas associadas Citrosuco, Cutrale e Louis Dreyfus no Brasil e no exterior alcançou 702.981 toneladas equivalentes ao produto concentrado e congelado (FCOJ), 41,3% mais que no fim de 2016.

A CitrusBR lembrou, em comunicado, que esses estoques são calculados a partir de auditorias individuais conduzidas pelas associadas que depois são alvo de nova auditoria, promovida pela entidade.

O aumento era esperado, já que o nível do fim de 2016 (497.383 toneladas) foi o mais baixo da história recente. Adversidades climáticas derrubaram a produção de laranja em São Paulo e Minas na safra 2016/17 e reduziram a oferta de suco no Brasil, o que levou as indústrias a enxugarem os estoques para tentar manter seus compromissos no exterior.

Mesmo assim os embarques brasileiros encolheram em 2016, o que ajudou a sustentar as cotações do FCOJ no mercado internacional naquele ano. Com a expressiva recuperação da produção da fruta no cinturão paulista e mineiro no ano passado (safra 2017/18), contudo, os preços voltaram a cair.

Por causa dessa recuperação da produção em São Paulo e Minas, onde as grandes indústrias se abastecem de matéria-prima para produzir o suco que exportam, a CitrusBR projeta que os estoques em 30 de junho, quando a safra 2017/18 terminará “oficialmente”, deverão somar 254.200 toneladas, 137% mais que no fim da temporada 2016/17.

Trata-se de um volume suficiente para suprir 12 semanas de demanda das grandes indústrias, o que é considerado ainda pouco pela CitrusBR. A entidade destacou que em 30 de junho de 2013, por exemplo, os estoques de suco brasileiro eram suficientes para 35 semanas de demanda. Mas aquele era um patamar elevado demais, resultado de uma sequência de supersafras de laranja no principal cinturão no mundo.

O fato é que a demanda mundial por suco de laranja continua a frustrar as indústrias exportadoras, e eventuais altas das cotações internacionais dependem cada vez mais de “choques” na oferta. Não por acaso, um inesperado aumento das vendas nos EUA, maiores consumidores globais, causou alvoroço no mercado na semana passada.

Ocorre que, em virtude de um surto de gripe, os americanos compraram mais suco em janeiro. O aumento foi pequeno, de 0,9% em relação a janeiro de 2017, segundo a Nielsen, mas foi o primeiro nesse tipo de comparação em cinco anos. Analistas ressalvam, entretanto, que a tendência não vai se sustentar.

Ontem, na bolsa de Nova York, os contratos futuros de segunda posição de entrega (maio) encerraram a sessão a US$ 1,4780 por libra-peso, com alta de 35 pontos em relação à véspera, ainda sob a influência do crescimento da demanda americana.

Trata-se de um nível superior à média registrada em janeiro (US$ 1,4313), mas inferior ao patamar médio de janeiro do ano passado (US$ 1,7494). Em novembro de 2016, no auge da escassez causado pela quebra da safra brasileira, a média alcançou seu recorde histórico (US$ 2,1293).