O FreshPlaza, portal especializado no acompanhamento do mercado mundial de frutas, publicou nesta sexta-feira (27) uma análise sobre o mercado global de laranja. De um modo geral, não há escassez de laranjas na maioria dos países produtores, embora tanto a África do Sul quanto a Espanha tenham tido atraso no início de suas safras, o que não favoreceu os preços. O efeito da invasão russa à Ucrânia também está sendo sentido, principalmente no Egito e África do Sul que fecharam suas portas para este mercado e passaram a focar no europeu. Veja abaixo o resumo da análise para cada país:

Itália

Na Itália, a temporada de laranja foi favorável, com volumes que não eram empolgantes, mas produziram preços acima da média. O desempenho foi positivo tanto nas áreas Jonian para as variedades Navel quanto para as variedades sanguíneas da Piana di Catania. A campanha do Valência siciliana foi mais moderada e está chegando ao fim nas próximas semanas.

Espanha

A laranja espanhola está agora na última fase de sua safra, que começou com cerca de um mês de atraso porque a Europa ainda tinha estoques do Hemisfério Sul – principalmente da África do Sul – até novembro. Os produtores tiveram que vender suas frutas e, liderados pela ansiedade, os preços de venda caíram rapidamente. Os rendimentos de laranja foram altos este ano e a abundância de tamanhos pequenos também empurrou e manteve os preços baixos desde o início. Em geral, tem sido uma safra desastrosa para os produtores, com preços que não atingiram os níveis de rentabilidade. Muitos deixaram os frutos nas árvores, pois colhê-los significava perder dinheiro. Enquanto isso, pragas continuam a crescer nas plantações de laranja enquanto a União Europeia mantêm sua proibição à produtos fitossanitários sem apresentar alternativas eficientes. Como resultado, os produtores espanhóis de citrinos registaram até agora uma diminuição de 26% no rendimento bruto na safra 2021/2022 em relação à safra anterior, que representa menos 618 milhões de euros. O grupo das laranjas (especialmente do tipo Navel: Navelina e Lane Late) regista uma queda de rendimento de 58%, um decrescimento de 361,4 milhões de euros no rendimento.

Egito

A temporada de laranja já acabou no Egito e foi um período particularmente difícil para o país. Devido ao aumento dos custos e à guerra na Ucrânia, a demanda acabou sendo menor em alguns mercados ao mesmo tempo que os preços do produto final aumentavam. Devido à concorrência com a Espanha e aos baixos valores que as laranjas espanholas atingiram, exportadores tiveram que lidar com uma demanda menor vinda de certas localidades, como foi o caso da Europa. Houve também baixa demanda da China devido à produção local de citros. O maior desafio, no entanto, ainda é a guerra da Rússia contra a Ucrânia, que afetou muito o Egito, pois o mercado russo adquire grande parte das laranjas. Parte das companhias marítimas chegaram a interromper seus serviços para os portos russos, sendo que alguns exportadores interromperam por completo suas operações após o início da guerra.

África do Sul

A época das laranjas está atrasada na África do Sul, o principal motivo foram as chuvas. Regiões do norte (Limpopo, Mpumalanga) estão atrasadas no envio de laranjas Navel, mas a colheita está em andamento e espera-se uma safra total de 28,7 milhões de caixas de 15 kg sejam exportadas. As exportações da laranja Valência ainda não começaram, mas estima-se uma safra de 58,2 milhões de caixas com a colheita começando na província de Limpopo por volta da 23ª semana, com pico entre a semana 30ª e a 35ª semana. As partes do norte da África do Sul contribuem mais para o Safra Valência, de onde são esperados 42,58 milhões de caixas, contra 40,856 milhões em 2021. Na região de Hoedspruit, há alguma preocupação com a frutificação desigual em Valências de meia estação sem sementes, como Midknights e Gusocora, que é atribuída às flutuações de temperatura durante a floração e a frutificação.

Chile

Entre 2015 e 2021, as exportações de laranjas chilenas passaram de 66.611 toneladas para 103.161 toneladas, um aumento de 54,9%. No momento, faltam apenas alguns dias para o início da temporada de exportação de laranjas chilenas. “Em termos gerais, este ano será complicado para todas as espécies cítricas”, diz um representante do setor. “Tem a questão do frete, que está muito mais caro, além de todos os problemas na logística”. O principal mercado das laranjas chilenas são os Estados Unidos. A Europa abriu algumas oportunidades para o Chile e a Ásia ainda não se concretizou como um mercado forte para o setor de laranja. Para o Chile, a China ainda é um mercado novo e este ano eles concentraram nossos esforços em limões.

Austrália

A temporada cítrica de inverno na Austrália está em andamento e apesar de possíveis prejuízo, em decorrência de eventos climáticos desfavoráveis ocorridos durante o período de cultivo, órgãos da indústria citrícola afirmaram que tinham esperança de que a safra de 2022 fosse razoavelmente grande. O Governo Australiano, no entanto, anunciou que irá aderir um projeto de financiamento para a entrada no mercado indiano com a exportação de laranjas (e mandarinas) de alta qualidade. Atualmente, a indústria australiana exporta até US$ 540 milhões em frutas cítricas em todo o mundo e, de acordo com estatísticas, desse valor total de exportação, US$ 285,1 milhões (172.416 toneladas) foram de laranjas.