Fundecitrus – 01/02/2017 – Essa dificuldade se deve aos sintomas da doença na laranja serem diferentes do limão.
Em novembro de 2016, o Centro de Diagnóstico de Doenças e Pragas de Citros do Fundecitrus chegou à marca de 90 mil testes de HLB realizados para citricultores, desde que a doença foi identificada em São Paulo, em 2004. A maioria das amostras eram de laranjeiras, principal atividade cítrica do estado. Mas, recentemente, a demanda por diagnóstico de HLB em plantas de lima Tahiti vem crescendo. Isso se deve à dificuldade de identificação dos sintomas de HLB, principalmente nas folhas, em plantas de citros que não são laranjeiras.
Os sintomas em plantas de laranja, como mosqueado e nervura saliente, são bastante conhecidos do citricultor, mas eles não são os mesmos nos outros citros. Algumas características podem ajudar o citricultor que tem dúvidas com sintomas em limeiras e limoeiros.
O mosqueado é bem característico nas folhas do limoeiro cravo. Entretanto, em limoeiro verdadeiro, há um padrão de sintoma foliar similar ao mosqueado, mas que não tem relação com o HLB, e cujas as causas ainda não são conhecidas.
Na limeira ácida Tahiti, o mosqueado não é muito contrastante, mas é claro o suficiente para permitir a identificação de plantas com HLB. Entretanto, a ocorrência da anomalia genética conhecida como Wood Pocket pode causar confusão. Seus sintomas usualmente desenvolvem-se em plantas com mais de dois anos e meio e são mais pronunciados em regiões quentes. Inicialmente afeta alguns setores da planta, mas progride para toda a copa, causando um mosaico nas folhas, com tecido esverdeado contrastando com o limbo amarelado, confundindo-se, em muitas situações, com o mosqueado de HLB. Nos frutos, são típicos os setores com impregnações lenhosas na casca, que deixam saliências longitudinais entre os dois polos dos frutos.
Essa anomalia é diferente da lima ácida Tahiti quebra galho. Um clone com presença de viroide. Os sintomas neste caso são a ruptura da casca dos ramos, com o desenvolvimento de tecido clorofilado próximo ao lenho, visível após a remoção da casca do ramo. Não ocorrem sintomas típicos nas folhas. Caso o porta-enxerto seja suscetível, como no caso de limão cravo e Poncirus trifoliata, ocorre descamamento, com consequente perda de vigor da planta devido aos sintomas de exocorte causado pelo viroide.
No campo, o quadro sintomatológico completo da planta, pode fornecer pistas para o correto diagnóstico da doença. O fato de conhecer os sintomas de HLB e os que podem levar a confusão no seu diagnóstico são úteis para o citricultor. No caso de persistirem dúvidas, o diagnóstico laboratorial por meio da PCR pode ser utilizado em um número de amostras representativas do problema e é um poderoso aliado para diagnosticar amostras foliares com sintomas de HLB.
Para os casos nos quais os sintomas não permitem identificar claramente a ocorrência de HLB, o diagnóstico laboratorial pode ser útil. No Fundecitrus os testes são gratuitos. A técnica utilizada é a reação em cadeia da polimerase (PCR), que identifica a presença de DNA da bactéria na amostra.
O resultado da PCR é sensível e específico, com grande confiabilidade. Para realizá-lo é preciso que haja uma coleta de amostras de folhas, de preferência com sintomas, de ramos afetados da planta suspeita. Caso seja feita a coleta de folhas em ramos sem sintomas, há grande chance de o teste produzir resultado negativo.
No Brasil foram relatadas três bactérias associadas ao HLB: Candidatus Liberibacter asiaticus, Ca. L. americanus e fitoplasma do grupo IX. Atualmente a Liberibacter asiaticus é a mais comum, ocorrendo em 99,9% das amostras. Nos testes realizados no Fundecitrus, cada amostra é diagnosticada para a presença dessas três bactérias em um teste simultâneo.
O DNA é utilizado para o teste de PCR quantitativo em tempo real, uma das mais sensíveis técnicas de detecção bacteriana. O resultado com a presença de uma das bactérias de HLB classifica a amostra como positiva para a doença, a qual tem sua foto confrontada com o resultado da PCR.
O resultado é enviado ao citricultor por e-mail em até duas semanas após o recebimento da amostra. Atualmente, além de confirmar a presença de HLB, o diagnóstico é utilizado para aferir equipes de inspeção quando essas têm dúvidas com amostras, seja pela ocorrência de deficiências nutricionais, ondas de frio que camuflam sintomas, lesão na casca do ramo ou outra causa que esteja confundindo os inspetores de campo.