Fundecitrus – 20/04/2017 – Experimento do Fundecitrus apontou queda de até 43% no volume de cartões com presença de inseto
Engana-se quem pensa que reduzir pela metade o tamanho das armadilhas adesivas amarelas de
monitoramento de psilídeo ajuda a economizar no manejo de HLB (huanglongbing ou greening).
Pelo contrário, junto com a diminuição do tamanho da armadilha vem a redução da eficiência
no monitoramento do inseto, o que abre espaço para que ele entre no pomar e transmita a
bactéria para as plantas antes que as medidas de controle sejam adotadas. Após observar a
frequência dessa prática no campo, o Fundecitrus realizou um experimento para avaliar o seu
impacto.
O estudo mostra que a redução de 50% do tamanho das armadilhas representa uma queda de 43% de
cartões com a presença do inseto e essas ainda capturam apenas metade de psilídeos se comparadas
com as de tamanho original. Para chegar nesse resultado foram selecionadas 40 plantas em cada uma
das regiões de Avaré, Araraquara, Bebedouro, Casa Branca e Lins, que são monitoradas pelo sistema
de Alerta Fitossanitário do Fundecitrus. Em cada árvore foram instaladas duas armadilhas, uma com
o tamanho original (30×10 cm) e outra cortada pela metade (15×10 cm). Em 20 plantas, as armadilhas
foram instaladas a 20 centímetros uma da outra e nas demais a um metro de distância.
Após 15 dias da instalação, período indicado para a troca das armadilhas, foi verificado o número
de psilídeos capturados em cada uma e a proporção de armadilhas com a presença do inseto. A cada
100 armadilhas, 58 originais capturaram psilídeo, enquanto apenas 33 das cortadas pela metade
registraram presença do inseto. Entre as armadilhas instaladas a 20 centímetros, as cortadas
capturaram, em média, 50,5% menos psilídeos do que os cartões de tamanho original.
Quando as armadilhas distanciavam um metro, capturaram, em média, 44,5% menos psilídeos do que as armadilhas inteiras. De acordo com o engenheiro agrô- nomo do Fundecitrus Ivaldo Sala, esses dados
mostram que a prática de cortar a armadilha é altamente prejudicial ao controle de HLB, pois o psilídeo
contaminado pode chegar ao pomar, mas sua presença não é detectada pela baixa eficiência dos cartões
que estão pela metade.
“Pensando em um manejo baseado na presença de psilídeo, ou seja, aplicar defensivos quando há captura do inseto, a não detecção leva à falta de controle no momento que deveria ser feito. Portanto, não é
recomendado que as armadilhas sejam cortadas e utilizadas pela metade”, afirma. O pesquisador Renato
Beozzo Bassanezi ressalta que a tentativa de economia ao cortar as armadilhas pode sair mais cara do
que barata. “É uma tentativa de diminuir os gastos que vai prejudicar o controle de HLB e permitir que
as árvores sejam contaminadas, os futuros prejuízos com a perda de produção das plantas afetadas pela
doença serão maiores do que a economia que o citricultor pretende usando apenas parte da armadilha”,
diz o pesquisador.