Fundecitrus – 26/06/2017 – Comparado ao método visual, adesivos capturam até 90 vezes mais o inseto vetor do greening
O controle do psilídeo Diaphorina citri é uma das recomendações que compõem o chamado tripé
de manejo do HLB (huanglongbing/ greening) – as outras duas são o plantio de mudas sadias,
oriundas de viveiros certificados, e a eliminação de plantas doentes, nas quais o inseto se
alimenta, adquire a bactéria Candidatus Liberibacter asiaticus e a transmite para plantas sadias.
Portanto, o monitoramento da população de psilídeo nos pomares é fundamental para a eficiência
do controle. É o monitoramento, afinal, quem indica os pontos de entrada, ou seja, as áreas mais
críticas, e o momento adequado de pulverizar.
Estudos coordenados pelo pesquisador do Fundecitrus Marcelo Miranda compararam a armadilha adesiva
com outros métodos de monitoramento, como a batida (tap, em inglês, praticada nos pomares da Flórida,
nos Estados Unidos), o sugador motorizado (espécie de aspirador de pó, usado especialmente no Vietnã,
no sul da Ásia), a rede entomológica (conhecida como puçá) e o visual (que consiste na observação de
ramos com ou sem o auxílio de lentes de aumento).
Miranda diz que em alguns experimentos em pomares com controle químico rigoroso, que recebem pulverizações frequentemente, só a armadilha detectou a presença do psilídeo. Segundo o pesquisador, isso ocorre porque os demais métodos estimam a presença do inseto somente no momento da inspeção. Consequentemente, em áreas com alta frequência de aplicação, os psilídeos, após contato com a planta tratada, podem morrer antes de serem visualizados pelos inspetores. A armadilha, por sua vez, é um método de coleta constante. “Em áreas onde o HLB está presente e o controle químico do psilídeo é necessário, a armadilha adesiva amarela é o método mais confiável para detectar o inseto”, afirma Miranda.
“E quanto mais intenso for o controle, maior será a eficiência da armadilha em relação aos outros métodos”, completa. Na comparação com o método visual, a armadilha capturou até 90 vezes mais psilídeos em áreas com controle quinzenal e 82 vezes mais psilídeos em áreas com controle mensal.
“Nessas áreas, além de capturar maior quantidade de insetos, a armadilha também apresentou maior frequência de detecção, ou seja, no total de avaliações, a armadilha detectou a presença do psilídeo em 50% das ocasiões, enquanto a inspeção visual o fez em somente 5%”, diz Miranda.
Mas capturá-los é uma coisa. E identificá-los é outra. Essa eventual dificuldade decorre da grande quantidade de insetos, de variadas espécies, apanhados nas armadilhas, que ficam lotadas. Em alguns casos, a detecção depende da dedução: muitas vezes, quando o inspetor recolhe a armadilha, ele encontra apenas a asa do psilídeo.
Portanto, para detectá-los nas armadilhas é preciso estar treinado e fazer a reciclagem no mínimo uma vez por ano. A equipe de extensão do Fundecitrus organiza esses treinamentos regularmente. Um estudo de 2014 do engenheiro agrônomo André Leonardo para o Mestrado Profissional do Fundecitrus – MasterCitrus mostrou que a precisão na identificação aumenta em até 47% depois de treinamentos que ensinam a fazer a detecção e dão orientações úteis para a leitura das armadilhas. A mesma pesquisa também revelou que as leituras realizadas nos escritórios são mais apropriadas do que as realizadas no campo.