Valor Online – 26/02/2018 – Nos sete primeiros meses da temporada 17/18 foram embarcadas 651,3 mil toneladas
A recuperação da produção de laranja no cinturão que se espalha por São Paulo e Minas Gerais permitiu a retomada do fluxo das exportações brasileiras de suco. Os estoques do produto continuam baixos, mas os embarques estão em alta e deverão voltar a alcançar o patamar de 1 milhão de toneladas nesta safra 2017/18, que no calendário das indústrias terminará em junho.
Com os problemas climáticos que prejudicaram a colheita da fruta no ciclo 2016/17, a oferta de suco ficou
comprometida e as exportações do país caíram para 894,7 mil toneladas equivalentes ao produto concentrado e
congelado (FCOJ), 17,2% menos que em 2015/16, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/Mdic)
compilados pela Associação Nacional dos Esportadores de Suco Cítricos (CitrusBR), que representa Citrosuco,
Cutrale e Louis Dreyfus Company. O valor das vendas registrou queda de 7%, para US$ 1,6 bilhão.
Mas a melhora do tempo beneficiou os pomares e, nos sete primeiros meses da temporada 2017/18 (julho do ano
passado a janeiro), o volume dos embarques cresceu 20% em relação a igual intervalo da safra anterior, para
651,3 mil toneladas. A receita subiu 21% na comparação, para US$ 1,2 bilhão. Com o resultado até janeiro, Ibiapaba Netto, diretor-geral da CitrusBR, dá como certo que a marca de 1 milhão de toneladas voltará a ser atingida. E, no ritmo atual, a receita voltará a se aproximar de US$ 2 bilhões.
Ibiapaba ressalva que, embora as estimativas para as exportações totais no ciclo 2017/18 sugiram uma volta à normal idade, os estoques limitados de suco de laranja brasileiro em poder das três grandes empresas exportadoras, que lideram o comércio global da commodity, mostram que a situação inspira cautela. Em 31 de dezembro, os estoques somavam 703 mil toneladas, mas deverão cair para 254,2 mil em 30 de junho. Se confirmado, o volume será 136,6% maior que o de junho de 2017, mas ainda quase 30% menor que o do fim do primeiro semestre de 2016.
Segundo ele, o futuro do processo de recomposição da oferta brasileira dependerá da próxima safra de laranja em
São Paulo e Minas. Mas os resultados até agora têm tirado o suporte aos preços internacionais que a quebra da
produção no país ofereceu entre o fim de 2016 e boa parte do ano passado.
Na bolsa de Nova York, as cotações dos contratos futuros de FCOJ tem sido negociados a valores entre 15% e 20%
abaixo dos praticados no mesmo período de 2017, e a queda só não é maior graças ao incremento do consumo nos
Estados Unidos em razão de surtos de gripe. Esse aumento, contudo, não é sustentável, o que move as grandes
indústrias a continuarem com campanhas de promoção da bebida em mercados-chave.