CitrusBR – 13/05/2019

A missão oficial liderada pela Ministra Tereza Cristina fechou sua primeira parte com uma série de reuniões entre os governos do Brasil e Japão. Também aconteceram várias reuniões bi-lateriais entre o Brasil e outros países, no âmbito do encontro do G-20 em Nigata.
Após quase uma década sem encontros de alto nível entre Brasil e Japão, a missão oficial tem sido entendida como primeiro passo para a reconstrução das relações entre os dois países. Em 2005, o Japão assinou um acordo bilateral com o México, que se tornou o seu principal parceiro comercial na América Latina, superando o Brasil em comércio e investimentos. 
As reuniões bilaterais debateram uma série de assuntos técnicos para abertura de mercado para alguns tipos de carnes, comércio de frutas, como abacate, e melhoria no acesso do suco de laranja referente à diferenciação por índice de sucrose. 
O Japão alega que o assunto está consolidado desde a rodada do Uruguai, ainda na década de 1980. Contudo, diante da existência de acordos de livre comércio com Estados Unidos e México, o País aceitou discutir aspectos técnicos. A discussão, porém, não significa que haverá mudança num curto espaço de tempo.
Em reunião com o Keidanren, espécie de CNI japonesa, a Ministra Tereza Cristina conseguiu manifestação formal do empresariado japonês no sentido do lançamento de um acordo bilateral Mercosul/Japão, o que seria o caminho mais rápido para uma desgravação total das tarifas de suco de laranja, independentemente de índices de sucrose e afins. 
O assunto entrou no radar dos dois governos e as tratativas devem começar em breve, porém, ainda não há previsão para o lançamento. 
Apenas para relembrar, após o lançamento, os governos definem o escopo do acordo que pode ser de livre comércio ou preferência tarifária. Após as definições começam as trocas de oferta. Portanto, mesmo que ainda seja lançado este ano, ainda há muitos passos pela frente. 
Parlamento 
A Ministra Tereza Cristina foi bastante feliz em trazer uma comitiva de deputados, principalmente o deputado Alceu Moreira, que é o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). Uma das perguntas que mais se ouve, é se o Brasil vai ou não fazer Reformas. Quanto mais segurança os investidores locais tiverem no futuro do País, mais rápido a cooperação anda, caso contrário a turma nem perde tempo. Em todas as reuniões, pelo menos, esse grupo que está aqui tem reforçado a mensagem não só da reforma da previdência, mas da reforma tributária que é um assunto que toda hora vem à tona. Aliás, preparei um que é “parceiro” da FPA, que tem sido um defensor do nosso setor. Ter apoio parlamentar é algo bastante importante para mobilizar o governo. 
Brasil/China
Conversei hoje com o embaixador Orlando Leite Ribeiro, que é o Secretário de Comércio e Relações Internacionais do Mapa. Sobre o tema tarifa de temperatura a estratégia do governo nesta Missão será colocar a possibilidade de investimentos na mesa em vez de tentar discutir tecnicamente.
 
Em paralelo, o Itamaraty está trabalhando em preparar nosso vice-presidente, Hamilton Mourão, para a reunião do Cosban – Comissão Sino-brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação. A CitrusBR participou de encontro bastante restrito com o vice-presidente em que foi possível aprofundar o assunto. Após a reunião, o Itamaraty nos tem demandado uma série de questionamento técnicos para construir o case da reunião.
União Europeia
Durante a rodada do G20 que aconteceu em Nigata a União Europeia sinalizou que pretende, finalmente, assinar o acordo. Caso não haja nenhuma mudança de rota brusca (que já aconteceu no passado), existe a expectativa de que o acordo possa sair nas próximas duas rodadas. A desgravação do suco de laranja, conforme compartilhando anteriormente, chegará a zero em 10 anos, com diminuições graduais nos principais NCMs.