Portal do Agronegócio – 27/05/2019 – Doença causa perdas expressivas na produção da laranja. Custo da prevenção chega a R$ 30 por árvore com pulverização de defensivos
Os laranjais sempre estiveram expostos a doenças e pragas de diferentes proporções, que causam dor de cabeça para o citricultor, comprometendo a produtividade da laranja. Um desses perigos da citricultura é uma doença chamada greening, que, quando ataca, causa a derrubada das árvores. Na safra de laranja de 2018/2019, que terminou em abril deste ano, o greening foi a terceira causa de queda de frutos, com uma taxa de 2,70%, perdendo para a mosca das frutas com (5,70%) e causas naturais ou mecânicas (5,16%).
Na safra passada, porém, o greening foi a segunda maior causa de quedas (4,06%), perdendo apenas para as causas naturais ou mecânicas (7,45%). Para combater esse mal, o produtor rural deve fazer um investimento alto em inseticidas. “A laranja não é como outras culturas, os ataques de doenças interferem muito mais na produção”, diz o citricultor João Carlos de Carvalho.
Segundo o coordenador de Pesquisa de Estimativa de Safra do Fundecitrus, Vinícius Trombin, a taxa de queda de frutos na última safra chegou a 16,70% no cinturão citrícola.
A cada 15 dias, João Carlos faz a pulverização de seus pomares, o que gera um alto custo. “Avalio que gasto cerca de R$ 30 por árvore, incluindo o investimento em defensivo agrícola, além de custos com mão-de-obra, energia elétrica para a irrigação, adubação, entre outros”.
O trabalho com a citricultura vem de longe. São 40 anos dedicados aos laranjais, um negócio que começou com o pai e, atualmente, toda a família trabalha junto de João Carlos. Ele produz, em um sítio próximo a Rio Preto, cerca de 10 mil pés de laranja e outros 2 mil pés de limão e de tangerina poncã.
“Se não tiver muito cuidado com o greening, você perde todo o pomar”, acrescenta. Há oito anos, o citricultor perdeu aproximadamente mil pés de laranja para a doença.
O engenheiro agrônomo, Antonio Garcia Júnior, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, que atua na Casa da Agricultura de Neves Paulista, explica que o greening pode causar perdas expressivas de frutos na citricultura. “A doença é uma bactéria causada por um inseto que ataca a planta e deixa as laranjas pequenas, além de inviabilizar a produção de açúcar, impossibilitando principalmente a comercialização do fruto para as indústrias de suco”, afirma.
O controle do greening se faz com a pulverização, medida que, segundo Garcia, é um trabalho de conscientização junto aos produtores de laranja. As plantas mais novas, com até dois anos de idade, exigem uma atenção maior já que, conforme explicou o especialista, são mais atrativas para o inseto.
O transmissor do greening, o psilídeo Diaphorina citri, chega aos pomares comerciais, contaminado coma bactéria, normalmente depois de se alimentar em plantas de citros de quintais de residências ou de chácaras. Os psilídeos também se reproduzem na planta ornamental conhecida como murta ou dama da noite, muito utilizada na arborização urbana e como cerca viva.
O engenheiro agrônomo e citricultor, André Luiz Seixas explica que, muitas vezes, a pessoa tem um pé de limão ou de laranja em sua casa e não sabe que está contaminando pelo greening. “O Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) faz um trabalho importante para conscientizar os moradores, substituindo pés infectados pela doença por mudas de outras árvores frutíferas”, disse André. Isso acontece porque uma árvore de citros contaminada plantada próxima aos pomares comerciais pode afetar a produção do agronegócio.
André acredita que o greening é a pior doença da citricultura, a que pode retirar o produtor do agronegócio em pouco tempo. “Se não tiver um controle, em dois ou três anos você perde toda a plantação. Considero ainda o greening a doença de maior gravidade, pois não há uma tecnologia para a sua diminuição”, afirma.
De acordo com a época do ano, o produtor rural disse que faz pulverizações mais intensivas em seu pomar de 11 mil pés de laranja. “O controle se faz a cada 15 dias e temos um custo que não é baixo”. Seixas contabilizou um custo de R$ 15 a R$ 20 por árvore, apenas com o defensivo agrícola.
Na propriedade rural de Seixas, com 21 hectares, localizada em Ipiguá (SP), já foi possível notar o ataque de greening, com perda de frutos em torno de 1%. Todo o cuidado com a doença aumenta o custo da produção, segundo o citricultor, que está há 20 anos no mercado e comercializa o produto junto às indústrias de suco.