Fundecitrus – 02/08/2019 – Enquanto medidas de manejo integrado devem ser adotadas pelos citricultores para evitar danos por cancro cítrico, CVC não deve causar perdas significativas
O cancro cítrico está presente em 15,01% das árvores do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro, número que corresponde a 29,3 milhões de plantas e que é 28% superior ao índice de 2018, de 11,71%. Os dados são do levantamento de doenças do Fundecitrus divulgado nesta semana.
De acordo com o pesquisador do Fundecitrus, Renato Bassanezi, o aumento era esperado, uma vez que o cancro cítrico está se disseminando em São Paulo depois que o estado adotou, em 2017, o status fitossanitário de Área Sob Mitigação de Risco (SMR), que permite a manutenção de plantas sintomáticas nos pomares.
No entanto, Bassanezi ressalta que os citricultores devem adotar as medidas de manejo integrado recomendadas pela legislação para evitar a presença de lesões em frutos e a redução na produção pela queda prematura de frutos.
“O cancro cítrico pode causar perdas de até um terço da produção, por isso a combinação de aplicação de cobre, implantação de quebra-vento e controle do minador dos citros [inseto que danifica folhas e permite a entrada de bactéria da doença], é fundamental para produzir frutas sem sintomas e para reduzir danos.
Quando são adotadas as medidas de mitigação de forma rigorosa, é possível ter alta produtividade e produção, pois os impactos do cancro cítrico são reduzidos”, afirma. As regiões com as maiores incidências são Votuporanga com 71,43%, São José do Rio Preto com 39,32%, Matão 29,31% e Bebedouro com 24,18%.
As menores incidências estão nas regiões de Itapetininga com 0,38%, Altinópolis 0,38% e Porto Ferreira com 0,66%. A incidência de cancro cítrico é maior nas propriedades menores: em pomares com até 10 mil árvores, 22,42% das plantas apresentam sintomas.
Ainda segundo o levantamento do Fundecitrus, a incidência da CVC no parque citrícola passou de 1,30%, em 2018, para 1,71%, em 2019, mas o aumento não é considerado significativo e o índice permanece baixo, especialmente quando comparado com a década passada, em que a incidência da doença estava acima de 40%.
Hoje são aproximadamente 3,3 milhões de plantas com sintomas, o que mostra que as medidas de manejo desenvolvidas pela pesquisa desde que a doença foi detectada no Brasil, em 1987, têm sido eficientes.
Árvores com CVC apresentam frutos pequenos, duros e que amadurecem precocemente, reduzindo a produtividade. As regiões mais afetadas são, Votuporanga com 7,99%, Limeira com 3,84% e São José do Rio Preto com 3,31%, seguidas das regiões de Bebedouro com 2,22%, Altinópolis com 1,74%, Porto Ferreira 1,74%, Matão 1,42%, Triângulo Mineiro 0,96%, Brotas 0,78%, Avaré 0,32%, e Duartina com 0,28%.
Em Itapetininga a CVC não foi detectada nas amostras sorteadas, o que indica que, se a doença estiver presente na região, o nível é muito baixo. A maior parte das plantas detectadas com CVC no levantamento 25% estavam com sintomas iniciais da doença. Tendo em vista que os prejuízos estão associados a sintomas mais severos, as perdas por CVC devem ser muito limitadas no parque citrícola.
De acordo com o gerente-geral do Fundecitrus, Juliano Ayres, o pacote tecnológico do manejo da CVC é um caso de sucesso da citricultura brasileiras para o mundo, já que, em 30 anos, a doença foi detectada e desenvolvido todo o conhecimento de sua transmissão e das medidas de controle.
“O caso da CVC demonstra que existe uma curva de aprendizagem para conseguir manejar a doença e devemos segui-lo como um espelho para o aprimoramento do manejo do greening”, destaca.