Portal do Agronegócio – 07/08/2019 – Incidência é 4,8% superior à de 2018; cerca de 37,1 milhões de árvores no parque citrícola têm sintomas da doença
O greening está presente em 19,02% das laranjeiras do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro, o que corresponde a aproximadamente 37,1 milhões de árvores com sintomas da doença, segundo levantamento divulgado pelo Fundecitrus nesta quarta-feira (31/7). É o segundo ano consecutivo de crescimento: o índice é 4,8% maior do que o de 2018, estimado em 18,15%; em 2017 a incidência era de 16,73%.
Considerada a pior doença da citricultura na atualidade, o greening não tem cura e causa a diminuição dos frutos, que ficam amargos e caem precocemente, levando à significativa queda na produção.
De acordo com o gerente-geral do Fundecitrus, Juliano Ayres, o número indica tendência de crescimento. “O greening foi identificado pela primeira vez no Brasil, no interior de São Paulo, há 15 anos. Com o passar do tempo, a compreensão da doença por meio da pesquisa levou a medidas de controle efetivas que foram sendo incorporadas pelos citricultores. Isso tem permitido a manutenção da competitividade da citricultura brasileira, que é a maior produtora de laranja do mundo para suco”, comenta.
Para Ayres, o controle rígido deve continuar, dentro e fora das fazendas, para que o índice diminua nos próximos anos. “É importante frisar que atingimos um patamar alto e que precisamos, de fato, impedir essa tendência de crescimento da doença”, afirma. “Não estamos em uma situação confortável, por isso o Fundecitrus tem investido no suporte aos citricultores para a criação de convênios para realização conjunta do controle externo e para a adoção das novas tecnologias e das técnicas de manejo interno”, completa.
As regiões com maiores incidências de greening são Brotas (55,10%), Limeira (48,30%), Duartina (32,43%), Porto Ferreira (26,67%) e Matão (17,29%). O maior aumento da doença ocorreu em Limeira e foi de 42% (de 34,01% em 2018 para 48,30% em 2019). A doença cresceu também nas regiões de São José do Rio Preto, Altinópolis e Bebedouro, mas, com exceção de Altinópolis, cujo aumento tem sido uma tendência, a incidência do greening nestas regiões está dentro da faixa observada nos últimos quatro anos. Em Avaré, o índice é praticamente o mesmo do ano anterior. Pelo segundo ano consecutivo, a incidência diminuiu em Matão, Votuporanga e Itapetininga.
Pomares menores são os mais afetados
A incidência cresceu em pomares menores: propriedades com até 10 mil plantas apresentam 47,49% de árvores doentes e propriedades com 10,1 mil a 100 mil, 31,10% de árvores sintomáticas. Nas propriedades de 100,1 mil a 200 mil plantas a incidência caiu e está em 16,17%. Já nas propriedades com mais de 200 mil plantas a incidência é similar à de 2018, 10,23%.
Esse cenário é explicado pelo chamado “efeito de borda”, que se refere aos talhões localizados nos 100 primeiros metros a partir da divisa das propriedades: é neles que a maior parte dos psilídeos (inseto transmissor do greening) vindos de fora dos pomares comerciais se instala e, nas propriedades menores, a representatividade do número de plantas na borda em relação ao número total de plantas é maior. “É necessário intensificar as ações de transferência de tecnologia voltadas aos pequenos e médios produtores para ajudá-los no manejo da doença”, destaca Ayres.
Severidade dos sintomas e idade dos pomares
A incidência das árvores com severidade nos níveis 1 e 2, isto é, com até metade da copa tomada pelos sintomas, subiu e está em 11,70%, enquanto que a incidência de árvores com mais da metade da copa com sintomas (níveis 3 e 4) se manteve em torno de 7,3%, o que indica que a queda prematura de frutas por causa do greening poderá ser um pouco maior este ano na comparação com o ano anterior.
Nos pomares de 6 a 10 anos (19,21%) e acima de 10 anos (26,26%) a incidência de greening aumentou pelo terceiro ano consecutivo. Na faixa de 3 a 5 anos (6,50%), diminuiu. Na faixa de 0 a 2 anos (2,46%) a incidência é um pouco superior, porém está dentro da faixa de valores observada nos últimos quatro anos.
“Esses resultados indicam um maior rigor no controle do greening nos pomares jovens de até 5 anos [controle do psilídeo e eliminação de plantas doentes] e menor rigor na eliminação de plantas doentes nos pomares adultos, acima de 6 anos”, explica Renato Bassanezi, pesquisador do Fundecitrus. “A interrupção da eliminação de plantas adultas com sintomas por uma parcela de citricultores não permite que a incidência da doença abaixe, e nos próximos anos, possivelmente, resultará no aumento da severidade dos sintomas, com agravamento das perdas de produção e qualidade de fruto e em maiores riscos na implantação de novos pomares”, alerta.
#unidoscontraogreening
Em 2018, o Fundecitrus lançou o programa integrado de combate ao greening #unidoscontraogreening, que tem como focos a transferência de conhecimento aos citricultores sobre as principais medidas de controle e a formação de equipes de controle externo, para atuação fora dos pomares comerciais, em áreas urbanas e rurais com plantas de murtas e de citros que não recebem o controle adequado do greening, locais onde o psilídeo se alimenta e se reproduz.
Em março, o Fundecitrus recebeu um prêmio durante a VI Conferência Internacional de Greening, realizada na Califórnia (Estados Unidos), pelas pesquisas desenvolvidas para o controle do greening, que servem de base para o atual manejo da doença no mundo. De todas as regiões em que o greening está presente, o cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro se destaca como o único que está conseguindo manter a doença abaixo dos 20%.