Valor Econômico – 03/10/2019 – De janeiro a agosto, segmento foi responsável por mais de 6% dos postos formais de trabalho criados no país
O forte aumento da colheita de laranja no cinturão formado por São Paulo e Triângulo Mineiro nesta safra 2019/20 fez a cadeia citrícola novamente se destacar como grande geradora de empregos no país em agosto e nos primeiros oito meses do ano.
Conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) compilados pela Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), apenas em agosto o segmento foi responsável pela criação de 3.712 vagas, ou 3% do total gerado por todos os setores da economia, e de janeiro a agosto o número atingiu 39.297 (6,6% do total).
“Estamos em um ano de grande produção e toda colheita é manual. Esse tipo de dado mostra a importância do segmento sobretudo para o desenvolvimento do interior de São Paulo”, afirma Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR, que representa Citrosuco, Cutrale e Louis Dreyfus Company, as maiores exportadoras de suco de laranja do mundo.
Além de São Paulo – onde a citricultura criou 3.123 postos de trabalho em agosto e 32.661 nos primeiros oito meses – e do Triângulo Mineiro, os polos situados no Paraná, na Bahia e no Rio Grande do Sul também apresentaram expansão.
Em julho e agosto, os dois primeiros meses da safra 2019/20, os municípios que lideraram a geração de empregos na citricultura foram os paulistas Bebedouro (809 vagas), Colômbia (478), Tabatinga (451) e Santa Cruz do Rio Pardo (378).
Segundo estimativa do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), órgão mantido com contribuições de produtores de laranja e das empresas representadas pela CitrusBR, a colheita da fruta somará 388,4 milhões de caixas de 40,8 quilos em 2019/20 em São Paulo (361,3 milhões) e no Triângulo Mineiro (27,1 milhões).
Para efeitos estatísticos, a safra começou em julho e terminará em junho do ano que vem, mas, na prática, a colheita teve início do primeiro semestre e deverá se estender até o mês de dezembro.
Se confirmado o volume previsto pelo Fundecitrus – e o clima, até agora, não tem sido motivo para maiores preocupações -, a safra será quase 36% superior à anterior (2018/19). Em boa medida, esse forte aumento decorre da bienalidade positiva da laranja pera, uma das principais variedades usadas pelas empresas de suco.
Essa bienalidade explica porque em 2017, por exemplo, a citricultura também foi destaque na geração de postos formais de trabalho.
Ocorre, porém, que esse aumento da oferta tem ajudado a recompor os estoques das empresas exportadoras e a pressionar as cotações do suco de laranja concentrado e congelado (FCOJ) no mercado internacional, como voltaram a apontar dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) na terça-feira.
De acordo com os dados da Secex, as exportações brasileiras de FCOJ totalizaram 22,6 mil toneladas, ou US$ 37,5 milhões nos 21 dias úteis de setembro. Ou seja, o valor médio da tonelada embarcada com destino sobretudo ao mercado europeu foi negociada, em média, por US$ 1.659.
Esse valor foi 2,7% inferior ao patamar médio observado em agosto e 15,6% menor que o de setembro do ano passado, num movimento que também reflete a recomposição da oferta na Flórida, Estado americano que abriga o segundo maior parque citrícola do mundo, atrás do brasileiro.
Mas as indústrias comemoraram o aumento do preço médio do suco pronto para beber (NFC), já o preferido em alguns mercados maduros da União Europeia.
Nesse caso, as exportações brasileiras alcançaram 179,8 mil toneladas em setembro, ou US$ 146,4 milhões, e a tonelada saiu, em média, por US$ 814,1 – acima dos US$ 617,4 de agosto e dos US$ 695,2 de setembro de 2018.
A diferença de preços entre o FCOJ, que é bem mais caro, e o NFC se explica pelo fato de que o volume do FCOJ, quando recomposto, aumenta cerca de seis vezes.