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Comunicado ao mercado
Produção de laranjas no cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo Mineiro – Safra 2024/25
Segundo dados do Fundecitrus, publicados em abril de 2025, a safra 2024/25 do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo Mineiro foi encerrada com um total de 230,9 milhões de caixas de 40,8 quilos. Este resultado representa a menor produção em mais de 30 anos, reflexo de cinco safras consecutivas de baixa produtividade agrícola, impactadas principalmente por secas prolongadas e eventos climáticos severos. O volume foi 21,8% inferior às 307,2 milhões de caixas colhidas na safra 2023/24.
Processamento de laranjas
Levantamento realizado por cada uma das empresas associadas à CitrusBR e consolidado por auditoria externa revelou que o total de laranjas processadas no cinturão citrícola durante a safra 2024/25 foi estimado em 194,8 milhões de caixas de 40,8 quilos, das quais 171,0 milhões de caixas processadas pelas associadas à CitrusBR e 23,7 milhões de caixas por não associadas, considerando frutas de pomares próprios e adquiridas de fornecedores. O volume representa uma redução de 27,3% em relação às 267,9 milhões de caixas processadas na safra 2023/24.
Rendimento industrial de suco na fruta
Com base no mesmo levantamento, as estimativas de rendimento industrial de suco na fruta na safra 2024/25 foram de 275,7 caixas de 40,8 quilos por tonelada de FCOJ equivalente a 66° Brix nas associadas à CitrusBR e 286,7 caixas por tonelada nas não associadas, resultando em uma média ponderada estimada de 276,9 caixas por tonelada de FCOJ equivalente a 66° Brix. Este rendimento representou uma melhora de 7,1% em relação às 298,2 caixas por tonelada registradas na safra 2023/24.
Produção de suco de laranja
A produção total de suco de laranja na safra 2024/25 foi estimada em 703,2 mil toneladas de FCOJ equivalente a 66° Brix, o que representa uma queda de 21,8% em relação às 898,7 mil toneladas produzidas na safra 2023/24.
Estoques de suco auditados
Levantamento realizado por meio de auditoria independente de cada uma das empresas associadas à CitrusBR e consolidado por auditoria externa revelou que os estoques globais de suco de laranja brasileiro em posse das associadas, convertidos em FCOJ equivalente a 66° Brix, somaram 146,3 mil toneladas em 30 de junho de 2025. O número representa um crescimento de 25,4% em relação às 116,7 mil toneladas registradas em 30 de junho de 2024. Apesar da recuperação, os atuais níveis seguem entre os mais baixos da série histórica, reforçando o cenário de restrição da oferta global.
Nota técnica sobre o desenvolvimento da safra 2025/2026
A safra 2025/2026 teve início em linha com os padrões de floradas identificados pelo Fundecitrus e relatados durante o anúncio da estimativa de safra, divulgado em 9 de maio deste ano. Na ocasião, foi registrada a existência de duas floradas predominantes, sendo a primeira responsável por 20,7% e a segunda por 69,9%, fatores determinantes para as características da fruta colhida até o momento.
As condições climáticas, também apontadas pelo Fundecitrus, indicaram que, entre janeiro e março de 2025, as chuvas ficaram abaixo da média histórica. Mesmo com uma inversão em abril, confirmou-se a expectativa de um inverno mais frio e com precipitações abaixo da média, resultando em um processo de maturação mais lento. Como consequência, os frutos apresentaram coloração madura, mas com um ritmo de redução de acidez inferior ao normal. Esse comportamento foi observado no período da colheita das variedades precoces e no início da colheita da laranja Pera, mantendo o ratio (relação Brix/acidez) em patamares relativamente baixos.
Vale ressaltar que a segunda florada identificada pelo Fundecitrus ocorreu apenas em novembro de 2024, após um período prolongado de déficit hídrico interrompido pelo retorno das chuvas em outubro. Favorecida pela continuidade das precipitações em dezembro, essa se consolidou como a florada predominante da safra 2025/2026. Ainda que os efeitos do greening exijam atenção quanto à qualidade do suco, essa segunda florada será a guia da safra a partir de setembro e outubro, criando condições positivas para a qualidade dos frutos destinados à produção de suco.
Com o cenário climático atual, não se espera uma melhora acentuada dos patamares de ratio já em setembro, devido à transição das floradas. Contudo, as previsões de aumento de temperatura em setembro e início das chuvas em outubro tendem a proporcionar uma aceleração na redução de acidez dos frutos, com consequente melhora de ratio e condições qualitativas gerais dos sucos, tanto sensoriais como físico-químicas. A expectativa é que essa melhora qualitativa seja gradual e comece a chegar nos mercados no último trimestre de 2025, contudo, os efeitos do greening continuarão como um importante ponto de atenção.
São Paulo, 1 de setembro de 2025
Ibiapaba Netto
Diretor Executivo